domingo, 20 de abril de 2008

Conto Oriental: O pobre mercador e o comerciante avarento





O POBRE MERCADOR E O COMERCIANTE AVARENTO
(Adaptação de Augusta Boa Sorte Oliveira Klebis)

Há muito tempo atrás, em uma cidade que ficava no reino da Arábia, um pobre mercador de bugigangas, de nome Abdala, resolveu lá estabelecer-se para tentar melhor sorte, pois o que ganhava mal dava para seu sustento. Mas, apesar de tudo, ele era um homem feliz e de bem com a vida. Sabia cultivar a amizade e por isso nunca lhe faltou amigos.

Assim que chegou foi hospedar-se em uma modesta pensão que ficava sobre uma confeitaria. Este fato, caro leitor, criou um grande problema para o nosso amigo Abdala e quase o levou para a cadeia. Vamos explicar com detalhes o ocorrido.

O dono da confeitaria era o Senhor Salin. Um homem extremamente ganancioso e avarento. Só pensava em ganhar dinheiro e não tinha a menor estima por ninguém.
Acontece que Abdala acostumou-se a sair todas as tardes na sacada do seu quarto para sentir o delicioso aroma que exalava da confeitaria quando os pães, broas, tortas e bolos estavam assando. Só de sentir o perfume daquelas iguarias já ficava satisfeito e parecia que ele tinha provado de todas elas. Fechava os olhos e sorria, deixando o comerciante avarento cada vez mais intrigado.

Um dia, o Senhor Salin resolveu tomar uma atitude mais drástica e foi até ao tribunal. Perante o juiz registrou uma queixa contra o pobre Abdala:
- Senhor Juiz, tenho sido roubado diariamente por um mercador que mora no andar de cima de minha confeitaria.
- O que ele lhe tem roubado? – perguntou o juiz.
- Excelência, todas as tardes ele tem se espreitado na sacada de seu quarto de pensão e roubado o aroma dos meus pães, bolos e tortas!

O juiz, sem ouvir maiores explicações, mandou chamar até a sua presença o jovem Abdala.
- É verdade, meu jovem, que todas as tardes ficas na sacada para sentir o aroma que vem da confeitaria do Senhor Salin?
- Oh, sim excelência, é um cheiro irresistível, uma pena que não posso comprar aquelas deliciosas iguarias.
O juiz, sem demonstrar o menor compadecimento, disse:
- Pois tu deverás comparecer aqui amanhã, ao meio dia, com duas moedas de prata para pagar ao senhor Salim pelo aroma que sentiste. E tu Salim, deverás vir recebê-las.

Abdala ficou atordoado, não sabia como conseguir tal quantia. Achava uma grande injustiça, mas a palavra do juiz era Lei e não se discutia. Enquanto isso, Salin explodia de ambição e não via a hora de por as mãos nas duas moedas de prata.

Sorte de Abdala era ter muitos amigos. Eles se reuniram e conseguiram juntar as duas moedas de prata para o desafortunado mercador. No dia seguinte, ao meio dia em ponto, estavam lá, na frente do juiz, o pobre Abdala e o avarento Salin.
O juiz recebeu as duas moedas de Abdala e com uma bandeja de prata na mão, disse solenemente:
- Aproxime-se Salim para ouvir o tilintar das duas moedas de Abdala ao caírem na bandeja de prata.
Dito isso, jogou uma moeda e perguntou: "tliiiiimmmmm"
- Ouviste, Salin, o som da moeda?
- Sim excelência, ouvi – disse ele, com as mãos suando de emoção.
- Agora ouça a segunda moeda – ordenou novamente o juiz ao jogar a moeda na mesma bandeja.
- Ouvi, excelência, ouvi. Agora podeis me dar, senhor!
Nesse momento o juiz declarou:
- Não! Antes terás que pagar com duas moedas de ouro pelo som que ouviste das moedas de Abdala.
E dessa forma, o juiz usou de justiça e deu uma grande lição para a avareza de Salin. Quanto a Abdala, sentiu-se aliviado e ficou feliz por trocar duas moedas de prata por duas de ouro.

sábado, 19 de abril de 2008

Histórias Infantis: O Segredo do Rei

O SEGREDO DO REI

Era uma vez um rei que vivia muito solitário e triste porque carregava um segredo que não revelava a ninguém. Ele não tinha uma orelha e para esconder esse defeito usava uma peruca longa e cacheada. A única pessoa que sabia do segredo do rei era o seu barbeiro.
Toda vez que ia cortar o cabelo, o rei trancava-se com o discreto barbeiro na torre mais alta do castelo, e só então, tirava a peruca.
Mas, um dia o barbeiro, que já estava bem velhinho, adoeceu e morreu. O rei ficou muito preocupado, pois com o passar do tempo o seu cabelo começou a aparecer por baixo da peruca. Então ele decidiu que deveria tomar uma providência.
Chamou os soldados e ordenou-lhes:
-Procurem por todo um reino um barbeiro. Mas atenção! Ele terá que ser competente, discreto e jovem.
Os soldados espalharam cartazes por todo o reino e por fim encontraram um barbeiro que afirmou ter todas as qualidades exigidas. Imediatamente levaram-no à presença do rei. Assim que o viu, o soberano trancou-se com ele na torre mais alta do castelo e ordenou que lhe cortasse os cabelos.
Quando o jovem barbeiro percebeu que o rei não tinha uma orelha ficou muito espantado. Mais que depressa o rei ameaçou-lhe de morte, e das mais horrendas, se ele contasse o que viu para qualquer pessoa, seja ela quem fosse. O barbeiro jurou que jamais contaria e que o segredo iria morrer ali.
No entanto, quando ele saiu do castelo aquele segredo não parava de martelar em sua cabeça: “O REI NÃO TEM ORELHA...” “O REI NÃO TEM ORELHA...”
Quando ele viu que não agüentaria mais guardar o segredo para si, subiu a montanha mais alta do reino, cavou um buraco bem fundo, olhou se não havia ninguém à sua volta , enfiou a cabeça dentro do buraco e gritou:
- O REI NÃO TEM ORELHA, POR ISSO USA PERUCA VELHA!
Depois disso, tapou correndo o buraco e voltou aliviado para casa.
Passaram-se muitos meses e no lugar do buraco nasceu uma enorme touceira de bambus. Sempre que ventava os bambus cantavam:
- O REI NÃO TEM ORELHA, POR ISSO USA PERUCA VELHA.
Certo dia, um pastor que por ali passava ouviu a música e teve uma idéia: "Vou fazer uma porção de flautas com esses bambus para vender na cidade. Com certeza ganharei um bom dinheiro!”
E foi assim que em pouco tempo todos os súditos ficaram sabendo qual era o mistério que envolvia o monarca deles e aquela velha peruca.
Quando o rei descobriu, ficou vermelho de raiva e se trancou na torre do castelo para pensar no castigo que daria ao pobre barbeiro.
Ele pensou... pensou .... pensou muito. Então desceu as escadas correndo e foi para a praça. Lá chegando, tirou a peruca, jogou-a no chão e disse:
- Quer saber de uma coisa? Cansei dessa peruca!
Assim o rei assumiu publicamente o seu defeito, aliás, quem não os tem?
Ah! Quanto a peruca velha, ele só voltou a usá-la no carnaval. E todos do reino viveram felizes para sempre !

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Propostas de Atividades com o texto: “O SEGREDO DO REI”

1- Ler a história e, antes do final, parar e pedir que os alunos desenhem e escrevam o castigo que o rei pensou para o jovem barbeiro;
2- Comparar e expor os vários finais que a classe propôs;
3- Ler o final da história de acordo com a autora e abrir uma discussão com a classe sobre as atitudes do rei :
a) por ter feito uma opção pacífica;
b) na aceitação do seus defeitos;
c) por ter decidido ser feliz.
4- Solicitar que os alunos em duplas dramatizem trechos da história:
a) A morte do velho barbeiro e como o rei e os soldados fizeram para encontrar um novo barbeiro;
b) O encontro do novo barbeiro com o rei e como o barbeiro fez para livrar-se do segredo martelando em sua cabeça;
c) A descoberta da touceira de bambu que cantava e a venda das flautas pelo pastor;
d) A reação do rei quando soube que o barbeiro não conseguiu guardar o seu segredo e a sua decisão final.
5- Propor que os alunos reescrevam a história e organizem um livrinho com ela;
7- Marcar um dia para apresentação e leitura dos livrinhos de história;
8- Os livrinhos de história poderão compor o acervo da classe.